Governo transforma moradias em SP


Oito famílias do assentamento Mário Covas, em São Simão, na região metropolitana de Ribeirão Preto, tiveram a vida transformada nesta quarta-feira (26), com a entrega de moradias construídas pelo Governo de SP. Algumas famílias viviam em moradias precárias com chão de terra batida e agora estão abrigadas em casas feitas com inovação.

As construções feitas pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) são fruto de uma parceria da Companhia com o Instituto de Terras de São Paulo (Itesp). CDHU e Itesp assinaram convênio no fim de 2024 para atender 630 famílias de assentamentos rurais e comunidades quilombola no Estado.

As moradias são construídas com tecnologias industrializadas modulares offsite, a partir de um chamamento público feito pela CDHU para estimular métodos inovadores de produção habitacional. Após análise de propostas das empresas, aquelas que atendiam às exigências do edital estão sendo submetidas a provas de conceito, etapa que resultou na construção de moradias de São Simão.

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Com o offsite, as casas são produzidas fora do canteiro de obras e montadas depois no lugar onde serão instaladas as moradias. Essas tecnologias permitem a fabricação dos componentes em uma fábrica, reduzindo o tempo e os resíduos de construção, além da emissão de poluentes.

Em São Simão, as tecnologias empregadas são: Woodframe, Light Steel Frame, Lightwall, Impressão 3D, Steel Panel, Fibra de Vidro, Placa de PVC com estrutura de aço e Painel de Concreto.

Em visita técnica ao assentamento na quarta-feira (26), o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Marcelo Branco, destacou a variedade de tecnologias que estão em fase de testes. “Estamos vistoriando as oito moradias já construídas para verificar a qualidade e conforto da construção, que são alguns dos aspectos a serem observados no nosso chamamento. Também vamos levar em conta os custos de cada modalidade, além da capacidade de produção em escala. É um processo muito técnico e inovador, então é um aprendizado comum para as empresas e para as equipes da CDHU”. Após a visita técnica, as casas foram liberadas para os novos moradores.

Antes:

Esta era a casa de seu Maurílio antes de ser contemplado pelo projeto da CDHU
Esta era a casa de seu Maurílio antes de ser contemplado pelo projeto da CDHU

Depois:

Nova casa do seu Maurílio, feita com impressão 3D e construída offsite.
Nova casa do seu Maurílio, feita com impressão 3D e construída offsite.

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Impacto das moradias na comunidade

Zilda Clara dos Santos, uma trabalhadora rural de 58 anos, mãe de quatro filhos, sempre sonhou em ter um lar digno para sua família, o que se concretiza agora com a nova casa. Moradora do assentamento Mario Covas, onde chegou em 1996, enfrentou diariamente as dificuldades de viver em uma casa precária, sem condições adequadas de habitabilidade.

“Era um desafio todos os dias”, diz dona Zilda. “A casa era pequena e muito quente, não tinha ventilação adequada e o telhado vaza”, relembra emocionada ao apontar para um antigo barracão de madeira. “Foi onde eu criei meus quatro filhos.”

Dona Zilda relata as dificuldades que a construção inadequada trouxe, por anos, para a família. “A gente nunca dormia tranquilo. Sempre tinha que arrumar um balde, mudar os meninos de lugar”, lembra. “No inverno, o frio castigava. No verão, o calor era sufocante. Era o que a gente tinha.”

A nova casa chegou em caminhões e, em poucos dias, estava em pé. Com paredes firmes, um telhado resistente e, pela primeira vez, um quarto para dormir sem o medo da chuva. “Quando eu abri a porta, vi uma casa de verdade. Com janela que fecha e com um banheiro decente. Me senti gente! A casa me deu mais do que um teto. Deu dignidade, deu paz. Isso não tem preço.”

Outro morador do assentamento beneficiado é o senhor Maurílio Rodrigues de Souza, 58 anos. Ele vive de trabalhos esporádicos na agricultura e complementa a renda com a criação de alguns animais.

Por anos, Maurílio viveu em uma casa com estrutura simples, coberta com lona preta, frágil diante do vento e da chuva. “Fiquei três anos assim, depois passei para outro lugar, mas as dificuldades continuaram”, relembra. Em 2011, com a chegada do processo de assentamento, ele conseguiu um lote definitivo e, aos poucos, construiu um pequeno barraco. “Foi minha primeira casa. Morei aqui por seis anos.”

Sua segunda casa, feita de blocos, trouxe alguma melhoria, mas ainda apresentava muitos problemas: infiltrações, falta de acabamento, estruturas tortas. “Ficou fora de nível, entrava enxurrada”.

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Hoje, Maurílio já está em sua nova moradia. “Agora vai mudar tudo. Não vai entrar chuva, não vai ter vento. Posso ter uma cama melhor, uma estante nova, coisas que antes não podia ter, porque estragavam”.

A casa de Maurílio utilizou uma tecnologia inovadora: a impressão 3D. A construção usou uma impressora 3D de grande escala, que deposita camadas de material para criar as paredes e o telhado.

As moradias entregues foram construídas em 90 dias, tempo muito menor do que em uma construção tradicional e foram projetadas para atender às necessidades específicas das famílias. Elas têm dois quartos, sala, cozinha, banheiro e lavanderia. Além disso, todas as casas possuem sistema de energia fotovoltaica com placas solares.

Construções inovadoras

A Companhia lançou, em fevereiro de 2024, o edital de chamamento para o credenciamento de empresas, com objetivo de construir 15 mil moradias e mais 100 mil m² em módulos não residenciais em construção industrializada modular offsite.

A meta é – dentro do período do Plano Plurianual, até 2027 – construir 7,5 mil habitações verticais (prédios); 7,5 mil habitações horizontais unifamiliares (casas); e 100 mil m² de prédios para uso público.

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As empresas que tiveram as propostas aprovadas estão agora passando por provas de conceito, etapa que será submetida a análise e, em caso de avaliação positiva, homologação do sistema. Após esse processo, a empresa estará habilitada para a execução em larga escala e para a contratação para construção de conjuntos habitacionais.

Assentamento Mário Covas

A área é de domínio estadual e se tornou assentamento em 2011. Atualmente, conta com 124 lotes destinados a famílias assentadas pela Fundação Itesp, ocupando uma área de 748,2660 hectares, já incluindo as áreas de preservação ambiental. Foi implantado em área contínua a Estação Ecológica da Fazenda Santa Maria, sob a gestão da Fundação Florestal, com vegetação natural presente em mais de 80% da área total da unidade.

Sua implementação seguiu uma proposta agrossilvopastoril, que integra a agricultura, a pecuária e a floresta e os assentados podem comercializar seus produtos em programas de aquisição de alimentos governamentais, como PAA e PNAE, nos municípios de São Simão, Santa Rosa de Viterbo, Serrana, Cravinhos, entre outros.

Há expressivo número de produtores que trabalham na área animal, com criação de bovinos para corte e leite, carneiros, suínos, aves, produção de ovos, exploração de mel, dentre outras atividades. Há também a produção de carvão vegetal, acompanhada pela Fundação ITESP e órgãos competentes que fomentaram a regularização e produção sustentável.

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Agência SP

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